quarta-feira, 29 de abril de 2009
Várias pessoas têm escrito sobre os novos significados da pontuação com o advento da comunicação electrónica. O Pedro Mexia chama aos pontos de exclamação a intensidade dos pobres de espírito e um artigo de hoje no Guardian (bem engraçado por sinal) discorre longamente sobre o tema (the adult appropriation of infantilisms). A verdade é que a vida está mais complicada, para nós, adultos. Ninguém quer passar por mal disposto e a falta de um ponto de exclamação num sms transforma-se em secura, ou até numa resposta negativa. Nada que uma tecla do telemóvel não resolva. Um ponto de exclamação garante light-heartdness à mais seca das almas. Mas as coisas são mais complicadas se estivermos no outro lado do canal comunicante. Hoje em dia temos que ser semióticos e estruturalistas amadores. O que quer ela dizer com aqueles três pontos no fim do sms? E aquele ponto de exclamação? Não é fácil… A pontuação mudou, os equívocos mantêm-se.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
quarta-feira, 22 de abril de 2009
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Um dos maiores inconvenientes desta crise é a avalanche de artigos sobre a crise e a cultura, como a crise pode ser boa para a cultura ou de como a cultura pode tirar a crise da crise. O impacto das crises, das convulsões sociais ou da saúde financeira das economias na criatividade (primeira e última vez que menciono esta palavra) é tema recorrente e apetecível, mas um pouco estéril. É tentador procurar encontrar ligações entre uma dimensão e outra. A história recente da cultura popular é pródiga nesta possibilidade de nexos: a fartura e estabilidade dos anos 50 e a geração de baby boomers nos anos 60 dos EUA, a Inglaterra deprimida dos finais dos anos 70 e o nascimento do punk, a crença cega no mercado livre dos anos Thatcher e a emergência de Damian Hirst e companhia, ou a aposta nas indústrias criativas e na marca cool britannia e um certo apogeu cultural e criativo (primeira e última vez que menciono esta palavra) dos artistas britânicos nos anos 90. Cá em Portugal temos também bons exemplos dessa discussão. Os anos de boom bolsista do final dos anos 80 e o aparecimento de inúmeras galerias de arte e a emergência de uma classe de coleccionadores em Portugal. Ou os mandatos de Rui Rio na Câmara do Porto e “o deserto cultural” que se diz que o Porto é. Parece-me – parece-me – que hoje em dia não há grandes ligações entre o estado da economia e a criação (coisa diferente são as subvenções financeiras provenientes do Estado ou do sector privado às instituições culturais que dependem da maior ou menor disponibilidade das respectivas carteiras, sem que necessariamente tenham impacto na qualidade da criação). Querem um país e cidades criativas? Limpem as ruas, criem condições para se andar na rua a qualquer hora, bons transportes, criem boas escolas de formação artística, ponham os filhos fora de casa cedo ou mandem-nos estudar para cidades diferentes daquelas onde cresceram.
A este propósito ver também o artigo de Simon Reynolds na Fact.
A este propósito ver também o artigo de Simon Reynolds na Fact.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Out-grandfathered
Num dos dos seus Bilhetes de Colares, A. J. Kotter referia-se a um casal de portugueses, a viver no estrangeiro, que todos os anos regressava a Portugal porque este país era um dos poucos sítios aonde a morte ainda não passou à clandestinidade e isso “era óptimo para as crianças”. Paradoxalmente (e evitando considerações do género "cada país tem os mortos que merece"), parece que, nesta terra, produzimos vidas pouco coloridas e padecemos de uma certa incapacidade de as celebrar. Bem, a ausência de obituários na nossa imprensa ou o aparente desinteresse pela vida dos nossos mortos torna as nossas vidas mais desinteressantes. Para além disso preferimos os virtuosos. Uma vida de zigzagues, trambolhões, asneiras e cabeçadas na parede é muito melhor. Um dia destes morreu um dos netos do Freud e irmão do Freud. Nasceu na Alemanha, antes da guerra, foi deputado inglês, cozinheiro, jornalista, escritor, radialista e mil e uma outras coisas. Morre pobre, mas aparentemente feliz. Deixa uma mulher, 5 filhos e uma óptima garrafeira. Os jornais celebraram-no.
Num dos dos seus Bilhetes de Colares, A. J. Kotter referia-se a um casal de portugueses, a viver no estrangeiro, que todos os anos regressava a Portugal porque este país era um dos poucos sítios aonde a morte ainda não passou à clandestinidade e isso “era óptimo para as crianças”. Paradoxalmente (e evitando considerações do género "cada país tem os mortos que merece"), parece que, nesta terra, produzimos vidas pouco coloridas e padecemos de uma certa incapacidade de as celebrar. Bem, a ausência de obituários na nossa imprensa ou o aparente desinteresse pela vida dos nossos mortos torna as nossas vidas mais desinteressantes. Para além disso preferimos os virtuosos. Uma vida de zigzagues, trambolhões, asneiras e cabeçadas na parede é muito melhor. Um dia destes morreu um dos netos do Freud e irmão do Freud. Nasceu na Alemanha, antes da guerra, foi deputado inglês, cozinheiro, jornalista, escritor, radialista e mil e uma outras coisas. Morre pobre, mas aparentemente feliz. Deixa uma mulher, 5 filhos e uma óptima garrafeira. Os jornais celebraram-no.
terça-feira, 14 de abril de 2009
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Sábado dezoito celebra-se o Record Store Day, recordatório e homenagem às poucas lojas de discos independentes que ainda existem. Esta história é óptima (linkada pelo hitdabreakz há uns dois anos, originalmente. obrigado) e não é preciso gostar de lojas de discos para fazer sorrir.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
quarta-feira, 8 de abril de 2009
terça-feira, 7 de abril de 2009
sábado, 4 de abril de 2009
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