segunda-feira, 18 de maio de 2009
Não faço planos de escrever muito mais sobre “a emergência das indústrias criativas” (para quem não sabe, o tema da minha tese de mestrado). Sinto que tudo o que se está a passar neste momento – conferências, plataformas, financiamentos comunitários, agências e demais esforços –são redundâncias. O mais importante está feito e, de certa forma, foi-nos entregue de bandeja, como resultado das discussões que aconteceram ao longo dos anos 90 pela Europa fora (e Canadá, Austrália e Nova Zelândia). O lado positivo e importante desta discussão é a legitimidade económica, política e até social e cultural que as actividades culturais e criativas e os seus profissionais têm vindo a adquirir, em resultado da discussão académica em torno do conceito, no esforço da sua estabilização conceptual, na crescente atribuição de códigos industriais e ocupacionais correctos às actividades culturais e criativas e nos esforços de mapeamento e avaliação do impacto económico destas actividades. Mas não vale a pena intelectualizar ou conceptualizar muito mais. Tudo o que de mais possa advir agora parece-me pouco interessante e inconsequente, no quadro de um mercado livre. Mais do que provavelmente qualquer outro sector de actividade, este é, e sê-lo-á sempre, especialmente fragmentado. Todas as tentativas de corporativizar o sector, de encontrar plataformas de entendimento, “potenciar sinergias”, etc etc são irrealistas e desinteressantes. Eu quero um sector da criatividade que faça o que quiser. Eu não quero um sector da criatividade organizado. No dia em que o for já não terá nada a ver com criatividade.