sábado, 9 de janeiro de 2010
Leituras
Um dos fenomenos mais engracados de viajar na India e a lista oficial de leituras. Toda a gente (os turistas e viajantes, entenda-se) le os mesmos 5 livros. Uma especie de canone orientalista digest. Shantaram de Gregory David Roberts (a historia veridica de um australiano fugido da prisao que acaba como taxista, membro da mafia, actor em bollywood, a viver nas slumvilles de Bombaim), Midnight Children do Salman Rushdie, O Deus das Pequenas Coisas de Arundhati Roy (hoje em dia transformada em paladina da democracia; acabei de ler a versao pirata/fotocopiada comprada na praia da sua colectanea de ensaios sobre a democracia indiana. Nao fosse o tom meio histerico, tipo Naomi Klein, seria um relato ainda mais assustador), White Tiger de Aravind Adiga, e Maximum City de Suketu Mehta. Paulo Coelho e Stig Larsson tambem sao populares na praia. Em Palolem, de entre dezenas de vendedores ambulantes e micro trapezistas, ha um senhor que passeia com estes 5 livros na mao esquerda (sim, cabem todos) e uma pasta de executivo na mao direita com mais exemplares. Aquilo que todas as empresas de estudos de mercado e tendencias andam a assinalar ha uns tempos (que o mercado dos bens culturais neste momento consiste em dois extremos: de um lado os blockbusters e bestsellers, um conjunto reduzido de titulos, filmes, discos que vendem em gigantescas quantidades e do outro lado, os nichos, aqueles bens que sobrevivem da 'cauda longa' que a internet veio proporcionar) pode ser comprovado na praia de Palolem (outrora paraiso na terra). Um mundo de extremos e nada no meio.
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